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Trauma é uma palavra que vem do grego (τραύμα = ferida) e consiste em um acontecimento na vida caracterizado pela intensidade, pela incapacidade de o sujeito responder de forma adequada pelos transtornos e efeitos patogênicos duradouros na organização psíquica.
o trauma é uma vivência que, no espaço de pouco tempo, aumenta demasiadamente a excitação da vida psíquica, de tal modo que a sua liquidação ou a sua elaboração pelos meios habituais fracassa, acarretando em perturbações duradouras no funcionamento energético (LAPLANCHE; PONTALIS, 1986).
A transmissão intergeracional ocorre por meio da transmissão das memórias traumáticas de uma geração para a outra. Essa é uma transmissão de elementos conscientes, intimamente ligados à história da memória do grupo. A transmissão intergeracional ocorre por meio da comunicação verbal e não verbal. A transmissão se dá no seio da família, pelo contato direto entre seus membros – pais e filhos, avós e netos, irmãos e irmãs, tios e sobrinhos, etc. (SCHÜTZENBERGER, 1993).
Gabriele Schwab (2010) investiga a transmissão intergeracional do trauma em crianças substitutas, aquelas que nascem para ocupar o lugar de uma criança perdida numa família.
Anne Ancelin Schützenberger (1998) aborda a transmissão intergeracional do trauma como a síndrome do antepassado e apresenta um conjunto de teorias psicoanalíticas para a abordagem do trauma geracional e transgeracional (1993).
Margaret Wilkinson (2010) estuda as relações entre o trauma transgeracional e a memória implícita em uma abordagem junguiana e neurocientífica.
Rachel Yehuda et al. (2015) demonstram a possibilidade de transmissão genética das consequências do trauma do holocausto.
https://uniaberta.com.br/o-trauma-transgeracional-na-cultura-na-neurociencia-e-na-epigenetica/
As raízes do trauma: uma revisão sobre a história do psicotraumatismo
O entrelaçamento das tradições psicológica e somática da pesquisa do trauma, documentada nas historiografias de Allan Young (1995) e Fassin e Rechtman (2009) sob as respectivas formas de uma genealogia científica e moral, destaca o nascimento da especulação acerca de uma subjetividade passível de traumatização e do trauma como memória expressa de uma violência passada (Kirmayer, Lemelson, Barad, 2007; Bistoen, 2016 ).
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/Hd3QLTGpXpCpRDpnNRtfsKy/
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O trauma transgeracional refere-se à transmissão de traumas psicológicos de uma geração para outra.
Isso significa que os efeitos de um trauma podem não se limitar apenas à pessoa que o viveu diretamente, mas também podem afetar descendentes, influenciando sua saúde mental e comportamental1.
Origem Científica
Psicanálise:
O conceito de trauma transgeracional tem suas raízes na psicanálise, especialmente nas teorias de Sigmund Freud. Freud investigou a hereditariedade e a etiologia das neuroses, sugerindo que traumas poderiam ser transmitidos através das gerações1.
Neurociência:
Estudos neurocientíficos têm explorado como o estresse e o trauma podem causar mudanças epigenéticas no DNA, que podem ser hereditárias. Essas mudanças podem influenciar a expressão gênica e, consequentemente, a saúde mental e física das gerações subsequentes2.
Epigenética:
A epigenética estuda como fatores ambientais podem modificar a expressão gênica sem alterar a sequência do DNA. Pesquisas mostram que traumas podem levar a modificações epigenéticas que são passadas para os filhos e netos, aumentando o risco de transtornos de saúde mental2.
Estudos de Caso:
Pesquisas sobre populações que passaram por eventos traumáticos, como o Holocausto, genocídios e desastres naturais, mostraram que os descendentes dessas populações têm maior probabilidade de apresentar problemas de saúde mental, sugerindo a presença de traumas transgeracionais.
Esses campos de estudo ajudam a entender como os traumas podem ser transmitidos através das gerações e como isso pode afetar a saúde das pessoas ao longo do tempo.
Identificar um trauma transgeracional pode ser um processo complexo, pois envolve a avaliação de padrões de comportamento, saúde mental e física que podem ser passados de uma geração para outra. Aqui estão algumas maneiras de identificar traumas transgeracionais:
Sinais de Trauma Transgeracional
Padrões de Comportamento Repetitivos:
Observe padrões de comportamento que se repetem em várias gerações da família, como abuso de substâncias, violência doméstica, ou depressão.
História Familiar de Doenças Mentais:
Investigue a história familiar para identificar a presença de doenças mentais, como transtornos de ansiedade, depressão, ou transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) que podem indicar um trauma transgeracional.
Problemas de Saúde Físicos Recorrentes:
Problemas de saúde, como doenças cardíacas, hipertensão ou problemas digestivos, que aparecem consistentemente em várias gerações, podem estar relacionados ao trauma transgeracional.
Histórias de Trauma e Abuso:
Conversar com membros da família sobre suas experiências pode revelar histórias de trauma, abuso ou negligência que podem ter impacto em várias gerações.
Sintomas Psicológicos Sem Explicação Aparente:
Sintomas como ansiedade, pesadelos, ou reações emocionais intensas que não têm uma causa aparente podem ser indicadores de trauma transgeracional.
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Ferramentas e Métodos de Identificação
Genograma:
Crie um genograma, que é uma representação gráfica da árvore genealógica, incluindo informações sobre doenças, padrões de comportamento, e relações familiares. Isso pode ajudar a visualizar a transmissão de traumas.
Terapia Familiar:
Envolver-se em terapia familiar pode ajudar a revelar e entender padrões de trauma transgeracional. Um terapeuta pode ajudar a identificar e abordar esses padrões de maneira eficaz.
Entrevistas e Histórias Orais:
Realizar entrevistas com membros mais velhos da família e coletar histórias orais pode fornecer insights sobre traumas passados e como eles afetaram gerações subsequentes.
Avaliação Psicológica:
Profissionais de saúde mental podem realizar avaliações detalhadas para identificar sinais de trauma transgeracional e oferecer intervenções adequadas.
Estudos Relevantes
Estudo sobre Trauma do Holocausto:
Pesquisas mostram que filhos e netos de sobreviventes do Holocausto podem apresentar níveis mais altos de ansiedade, depressão e TEPT, indicando a presença de trauma transgeracional.
Pesquisas com Veteranos de Guerra:
Descendentes de veteranos de guerra com TEPT mostram maior risco de desenvolver problemas de saúde mental, sugerindo a transmissão de traumas entre gerações.
Estudo sobre Populações Indígenas:
Comunidades indígenas cujos ancestrais sofreram deslocamento forçado e genocídio mostram evidências de trauma transgeracional, com impactos na saúde mental e física das gerações atuais.
Identificar e abordar traumas transgeracionais é fundamental para a cura e o bem-estar das futuras gerações.
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