Regulação Emocional
Regulação emocional refere-se à capacidade de monitorar, avaliar e modificar as reações emocionais para alcançar objetivos pessoais e sociais. Trata-se de um processo essencial para manter o bem-estar psicológico e para a adaptação saudável às diversas situações da vida. Aqui estão alguns conceitos e técnicas importantes relacionados à regulação emocional:
Conceitos
Autocontrole:
Definição: A habilidade de controlar impulsos e comportamentos automáticos para gerenciar emoções de forma adequada.
Exemplo: Respirar profundamente para acalmar-se antes de responder a uma crítica.
Reconhecimento Emocional:
Definição: A capacidade de identificar e rotular emoções em si mesmo e nos outros.
Exemplo: Perceber que está se sentindo ansioso antes de uma apresentação e nomear essa emoção.
Expressão Emocional:
Definição: A habilidade de expressar emoções de maneira adequada e construtiva.
Exemplo: Compartilhar sentimentos de frustração com um amigo de maneira calmamente assertiva.
Reavaliação Cognitiva:
Definição: Alterar a forma como se pensa sobre uma situação para mudar sua resposta emocional.
Exemplo: Ver um fracasso como uma oportunidade de aprendizado em vez de um desastre total.
Técnicas de Regulação Emocional
Mindfulness (Atenção Plena):
Descrição: Prática de estar presente no momento e observar os pensamentos e emoções sem julgamento.
Benefícios: Reduz o estresse e aumenta a capacidade de lidar com emoções negativas.
Exemplo: Meditação guiada para aumentar a consciência emocional.
Respiração Profunda:
Descrição: Técnica de respiração que ajuda a acalmar o sistema nervoso.
Benefícios: Reduz a ansiedade e melhora o controle emocional.
Exemplo: Inspirar profundamente pelo nariz, segurar o ar por alguns segundos e expirar lentamente pela boca.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):
Descrição: Terapia que ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento negativos.
Benefícios: Promove mudanças positivas no pensamento e no comportamento emocional.
Exemplo: Desafiar pensamentos irracionais que causam ansiedade.
Exercícios Físicos:
Descrição: Atividades físicas que ajudam a liberar endorfinas e melhorar o humor.
Benefícios: Reduz o estresse e melhora a saúde mental e física.
Exemplo: Praticar yoga, correr ou caminhar ao ar livre.
Expressão Criativa:
Descrição: Uso de atividades criativas para expressar emoções.
Benefícios: Alivia o estresse e promove a autoexpressão saudável.
Exemplo: Pintura, escrita, música ou dança.
Diálogo Interno Positivo:
Descrição: Prática de falar consigo mesmo de maneira positiva e encorajadora.
Benefícios: Aumenta a autoestima e melhora a resposta emocional.
Exemplo: Repetir afirmações positivas durante momentos de desafio.
Conclusão
A regulação emocional é uma habilidade essencial que pode ser desenvolvida e aprimorada através de prática e consciência. Utilizar essas técnicas pode ajudar a melhorar a saúde emocional, fortalecer relacionamentos e aumentar a resiliência diante dos desafios da vida.
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS DSM-5
O DSM — Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — é um documento criado pela Associação Americana de Psiquiatria ou APA (American Psychiatric Association), principal organização de estudantes e profissionais de Psiquiatria dos Estados Unidos.
Chamamos de DSM-5 pois ele está em sua 5ª edição, lançada em 2013. A cada nova versão são adicionados critérios para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais.
Importante saber que, até o DSM-4, o diagnóstico de autismo poderia receber um destes nomes:
Transtorno Autista;
Síndrome de Asperger;
Transtorno Desintegrativo Infantil;
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.
Já a partir do DSM-5, o autismo passa a ser chamado de Transtorno do Espectro do Autismo, classificado como um dos transtornos do Neurodesenvolvimento, caracterizado pelas dificuldades de comunicação e interação social e também os comportamentos restritos e repetitivos.
Critérios diagnósticos do DSM-5 para autismo
Nesse manual diagnóstico, o TEA fica classificado como:
299.00 (F84.0) Transtorno do Espectro Autista (50)
Especificar se: Associado a alguma condição médica ou genética conhecida, ou a fator ambiental; Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental;
Especificar a gravidade atual para Critério A e Critério B: Exigindo apoio muito substancial, Exigindo apoio substancial, Exigindo apoio;
Especificar se: Com ou sem comprometimento intelectual concomitante, Com ou sem comprometimento da linguagem;
Os critérios são divididos em A, B, C, D e E com alguns pontos específicos dentro deles. Veremos cada um deles separadamente.
Critério A
Déficits persistentes na comunicação e interação social em vários contextos como:
Limitação na reciprocidade emocional e social, com dificuldade para compartilhar interesses e estabelecer uma conversa;
Limitação nos comportamentos de comunicação não verbal usados para interação social, variando entre comunicação verbal e não verbal pouco integrada e com dificuldade no uso de gestos e expressões faciais;
Limitações em iniciar, manter e entender relacionamentos, com variações na dificuldade de adaptação do comportamento para se ajustar nas situações sociais, compartilhar brincadeiras imaginárias e ausência de interesse por pares.
Critério B
Padrões repetitivos e restritos de comportamento, atividades ou interesses, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes itens, ou por histórico prévio:
Movimentos motores, uso de objetos ou fala repetitiva e estereotipada (estereotipias, alinhar brinquedos, girar objetos, ecolalias);
Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a padrões e rotinas ritualizadas de comportamentos verbais ou não verbais (sofrimento extremo a pequenas mudanças, dificuldade com transições, necessidade de fazer as mesmas coisas todos os dias);
Interesses altamente restritos ou fixos em intensidade, ou foco muito maiores do que os esperados (forte apego ou preocupação a objetos, interesse preservativo ou excessivo em assuntos específicos);
Hiper ou Hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns por aspectos sensoriais do ambiente (indiferença aparente a dor/temperaturas, reação contrária a texturas e sons específicos, fascinação visual por movimentos ou luzes).
Critério C
Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento, porém eles podem não estar totalmente aparentes até que exista uma demanda social para que essas habilidades sejam exercidas, ou podem ficar mascarados por possíveis estratégias de aprendizado ao longo da vida.
Critério D
Esses sintomas causam prejuízos clínicos significativos no funcionamento social, profissional e pessoal ou em outras áreas importantes da pessoa.
Critério E
Esses distúrbios não são bem explicados por deficiência cognitiva e intelectual ou pelo atraso global do desenvolvimento.
Existem níveis de gravidade para o TEA?
Ainda nos critérios diagnósticos do DSM-5 para autismo, estão presentes os níveis de gravidade ou necessidade de suporte para as atividades da vida diária. A partir da 5ª edição, o TEA passa a ser dividido em 3 níveis diferentes: leve, moderado e severo.
Já temos um texto aqui no blog detalhando melhor cada um desses graus. Você pode acessar e ler esse conteúdo clicando aqui.
Qual a diferença do DSM e da CID?
Além do DSM-5, existe outro manual usado para realização do diagnóstico de autismo. A CID (Classificação Internacional de Doenças) é o documento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para oferecer uma linguagem comum para que os profissionais de várias especialidades possam se comunicar da mesma forma.
A CID-11 (última versão deste manual) segue o que foi proposto pela quinta edição do DSM-5. Dessa forma, o TEA também engloba o que antes era considerado Transtorno Global do Desenvolvimento na CID10.
Assim, na versão 11 do manual existe uma unificação de todos os quadros característico do autismo, e os diagnósticos de autismo passam a fazer parte dos Transtornos do Espectro do Autismo, que com as novas diretrizes ganha um novo código — 6A02 — e novas subdivisões:
1) 6A02.0 – TEA sem TDI e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional
Inclui pessoas que:
Atendem aos critérios diagnósticos para TEA.
Não apresenta TDI.
Possuem leve ou nenhum comprometimento no uso funcional da linguagem/comunicação, seja pela fala ou por outros recursos, como imagens, textos, sinais, gestos ou expressões.
2) 6A02.1 – TEA com TDI e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional
Inclui pessoas que:
Atendem aos critérios diagnósticos para TEA.
Apresentam TDI.
Tem leve ou nenhum comprometimento na comunicação funcional, seja pela fala ou por outros recursos.
3) 6A02.2 – TEA sem TDI e com linguagem funcional prejudicada
Inclui pessoas que:
Atendem aos critérios diagnósticos para TEA.
Não apresenta TDI.
Demonstram prejuízos acentuados na comunicação funcional para a idade, utilizando apenas palavras isoladas, frases simples ou outros recursos comunicativos (como imagens, texto, sinais, gestos ou expressões).
4) 6A02.3 – TEA com TDI e linguagem funcional prejudicada
Inclui pessoas que:
Atendem aos critérios diagnósticos para TEA.
Apresentam TDI.
Tem comunicação funcional gravemente prejudicada, limitando-se a palavras isoladas, frases simples ou outros recursos comunicativos.
5) 6A02.5 – TEA com TDI e ausência de linguagem funcional
Inclui pessoa que:
Atendem aos critérios diagnósticos para TEA.
Apresentam TDI.
Não têm repertório ou uso de linguagem/comunicação funcional, seja pela fala ou por outros recursos comunicativos.
Importante destacar que: o código “6A02.4 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional” foi excluído da versão final da CID-11.
Além disso, ainda existem mais 2 subtipos de TEA na CID-11:
6A02.Y – Outro TEA especificado.
6A02.Z – TEA não especificado.
O DSM e a CID se diferenciam por serem feitos por órgãos diferentes e também em suas finalidades.
O primeiro é feito pela APA e foca em descrever e classificar os transtornos mentais. Já o segundo, feito pela OMS e foca em descrever e classificar doenças, lesões e causas de mortalidade.
Apesar dessas diferenças, ambos são ferramentas essenciais para comunicação entre diferentes áreas da saúde, com vocabulários distintos.
Além disso, os dois auxiliam no processo de diagnóstico de condições de saúde, possibilitando o acesso a tratamentos de qualidade.
Conclusão
Compreender e entender o diagnóstico de autismo ajuda a família e a própria pessoa no espectro a entender o transtorno melhor.
Mas precisamos lembrar que esses manuais classificatórios são utilizados para direcionar os cuidados necessários.
Por isso, diagnósticos e laudos não devem ser usados para reduzir as pessoas a uma caixinha ou até mesmo generalizar as experiências. Cada pessoa é única e merece ser compreendida em toda sua singularidade.
Ter o apoio de uma equipe multidisciplinar preparada e pronta para tirar suas dúvidas é fundamental nesse processo.
Heloise Rissato
Publicado em: 07/11/2023 em: https://genialcare.com.br/blog/criterios-diagnostico-dsm-5-para-autismo/