PRINCÍPIOS DA ECONOMIA COMPORTAMENTAL
A Economia Comportamental é uma área de estudo que combina a economia tradicional com a psicologia para entender melhor como as pessoas tomam decisões econômicas na prática. Aqui estão alguns dos principais princípios da Economia Comportamental:
1. Racionalidade Limitada
Conceito: As pessoas têm limitações cognitivas e, portanto, não tomam decisões perfeitamente racionais. Em vez disso, usam heurísticas ou atalhos mentais para tomar decisões rápidas e eficientes.
Exemplo: Escolher um produto com base na marca conhecida em vez de analisar todas as opções disponíveis.
2. Heurísticas e Atalhos Mentais
Conceito: Heurísticas são regras simples que as pessoas usam para tomar decisões complexas de maneira mais simples. Essas regras podem levar a vieses cognitivos.
Exemplo: A heurística da disponibilidade, onde a frequência percebida de um evento é influenciada pela facilidade com que exemplos vêm à mente.
3. Vieses Cognitivos
Conceito: Erros sistemáticos no pensamento que afetam as decisões e julgamentos. Existem muitos tipos de vieses, como o viés de confirmação, o viés de ancoragem e o viés de retrospectiva.
Exemplo: Viés de confirmação, onde as pessoas tendem a procurar e interpretar informações que confirmem suas crenças pré-existentes.
4. Aversão à Perda
Conceito: As pessoas tendem a preferir evitar perdas do que adquirir ganhos equivalentes. A dor de perder algo é psicologicamente mais intensa do que o prazer de ganhar algo.
Exemplo: Evitar vender um investimento em queda para evitar realizar uma perda.
5. Contabilidade Mental
Conceito: As pessoas tratam o dinheiro de forma diferente com base em fatores subjetivos e emocionais, criando "contas mentais" separadas para diferentes tipos de gastos.
Exemplo: Tratar um bônus recebido como "dinheiro encontrado" e gastá-lo de maneira mais extravagante do que o salário regular.
6. Efeito de Enquadramento
Conceito: A maneira como uma opção é apresentada (enquadrada) pode influenciar significativamente as decisões. As pessoas podem responder de maneira diferente à mesma escolha, dependendo de como ela é apresentada.
Exemplo: Preferir uma carne com "90% magra" em vez de uma com "10% de gordura", embora sejam a mesma coisa.
7. Nudge (Empurrãozinho)
Conceito: Pequenas intervenções no ambiente de escolha que influenciam o comportamento das pessoas de maneira previsível, sem restringir suas opções.
Exemplo: Colocar frutas ao nível dos olhos em uma cantina para encorajar escolhas alimentares mais saudáveis.
8. Teoria da Perspectiva
Conceito: Proposta por Daniel Kahneman e Amos Tversky, sugere que as pessoas tomam decisões com base em valores de referência e são mais sensíveis a mudanças em relação a esses valores do que aos valores absolutos.
Exemplo: Preferir evitar uma perda de $50 do que ganhar $50, mesmo que o valor monetário seja o mesmo.
9. Falácia do Planejamento
Conceito: A tendência de subestimar o tempo, os custos e os riscos de tarefas futuras e superestimar os benefícios.
Exemplo: Subestimar o tempo necessário para completar um projeto e, consequentemente, atrasá-lo.
10. Efeito da Dotação
Conceito: As pessoas atribuem mais valor a coisas que possuem em comparação a coisas que não possuem.
Exemplo: Vender um item usado por um preço mais alto do que estariam dispostas a pagar por um item igual no mercado.
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"Nudge: Como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade" é um livro escrito por Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein, que explora como pequenas mudanças no design do ambiente (ou "arquitetura de escolha") podem influenciar significativamente o comportamento das pessoas, ajudando-as a tomar decisões melhores e mais saudáveis. Aqui está um resumo do livro:
Conceito Principal:
Arquitetura de Escolha: Refere-se à maneira como as escolhas são apresentadas às pessoas, influenciando suas decisões sem restringir suas opções. Os "nudges" (empurrões) são intervenções sutis que incentivam decisões desejáveis sem eliminar a liberdade de escolha.
Principais Tópicos:
Princípios do Nudge:
Liberdade de Escolha: Os nudges não forçam as escolhas, mas orientam as decisões para opções mais benéficas.
Economia Comportamental: Combina psicologia e economia para entender como as pessoas realmente tomam decisões, muitas vezes de forma irracional.
Aplicações Práticas:
Saúde: Exemplos de nudges incluem mudanças na apresentação de alimentos saudáveis nas cantinas para promover escolhas alimentares mais saudáveis.
Finanças: Implementação de programas de inscrição automática em planos de poupança para aposentadoria, incentivando maior adesão.
Políticas Públicas: Uso de nudges para promover comportamentos pró-ambientais, como o aumento da reciclagem e a redução do consumo de energia.
Exemplo de Nudge:
Inscrição Automática: Muitos empregadores nos EUA começaram a inscrever automaticamente os funcionários em planos de poupança para aposentadoria, ao invés de requerer que eles se inscrevam ativamente. Esta pequena mudança aumentou significativamente a participação nos planos de poupança, melhorando o bem-estar financeiro dos funcionários.
Principais Frases e Ideias:
"A arquitetura de escolha influencia o comportamento, e pequenas alterações no design de ambientes podem produzir grandes mudanças nos resultados."
"Um nudge é qualquer aspecto da arquitetura de escolha que altera o comportamento de maneira previsível, sem proibir opções ou alterar significativamente incentivos econômicos."
Teorias de Psicologia Relacionadas:
Economia Comportamental:
Estuda como fatores psicológicos, emocionais e sociais influenciam as decisões econômicas. Thaler, um dos autores do livro, é um dos principais proponentes dessa teoria, que combina insights da psicologia com a teoria econômica tradicional para entender como as pessoas realmente tomam decisões.
Teoria da Persuasão:
Desenvolvida por Robert Cialdini, esta teoria explica como as pessoas podem ser influenciadas por certos princípios de persuasão, como reciprocidade, escassez e autoridade. Os nudges utilizam esses princípios para influenciar o comportamento de maneira sutil.
Teoria do Prospecto:
Proposta por Daniel Kahneman e Amos Tversky, essa teoria descreve como as pessoas tomam decisões em situações de risco e incerteza. A teoria sugere que as pessoas são mais avessas a perdas do que interessadas em ganhos, o que pode ser utilizado na arquitetura de escolha para orientar as decisões.
Condicionamento Operante:
Baseado no trabalho de B.F. Skinner, essa teoria de aprendizagem descreve como as consequências (reforços e punições) influenciam a probabilidade de um comportamento ser repetido. Os nudges podem ser vistos como formas de reforço positivo que incentivam comportamentos desejáveis.
Teoria do Enquadramento:
Estuda como a maneira como uma questão é apresentada (enquadrada) pode influenciar a tomada de decisões. Por exemplo, apresentar uma escolha de forma positiva ou negativa pode afetar a decisão das pessoas. Os nudges utilizam o enquadramento para orientar as escolhas.
Teoria da Autodeterminação:
Proposta por Edward Deci e Richard Ryan, essa teoria destaca a importância das necessidades psicológicas básicas de autonomia, competência e relacionamento. Os nudges podem ser projetados para apoiar essas necessidades e promover o bem-estar.
Conclusão:
Thaler e Sunstein defendem que, ao entender a psicologia por trás das escolhas humanas, governos e organizações podem usar nudges para criar ambientes que melhorem a saúde, a felicidade e o bem-estar financeiro das pessoas, sem restringir sua liberdade.